Estimamos que entre 100 e 200 milhões de pessoas vivem em zonas áridas e semi-áridas e dispõem de reservas de água doce limitadas. Daqui até 2005, dois terços de entre elas ficarão expostas a um grave stress hídrico – face à pressão criada pelo crescimento demográfico, a produção agrícola assim como o aumento da salinidade e da poluição. O impacto das alterações climáticas vai agravar a penúria da água e igualmente aumentar a frequência dos fenómenos hidrológicos extremos. As populações mais pobres serão as mais duramente afetadas, à medida que se reforçarem os obstáculos ao desenvolvimento sustentável.
Neste dia mundial de luta contra a desertificação e a seca, devemos reafirmar a nossa vontade de sustentar as soluções inclusivas e duráveis para a gestão dos recursos em água nas zonas áridas.
Os desafios ligados à água são complexos e as soluções devem ser também elas multidimensionais. Isso necessita de uma reflexão inovadora e uma cooperação global afim de preservar os nossos ecossistemas, de erradicar a pobreza e de avançar na via da equidade social – nomeadamente a igualdade entre os sexos. Esta é a mensagem que está no centro do Ano internacional da cooperação no domínio da água das Nações Unidas, de que a UNESCO é o chefe de fila – promover uma cooperação mais estreita para responder a um crescimento da procura de acesso, de repartição das reservas e dos serviços de aprovisionamento.
A rede mundial de informação sobre a água e o desenvolvimento nas zonas áridas, dirigido pelo Programa hidrológico internacional da UNESCO demonstra a nossa vontade de reforçar a capacidade mundial de gerir os recursos de água nas regiões áridas. Esta acção aplica-se sobre quatro canais regionais na Ásia, em África, na América Latina e nos Estados Árabes, os quais favorecem a cooperação internacional e regional nas zonas áridas para uma gestão mais eficaz dos recursos de água e uma atenuação dos efeitos das catástrofes ligadas à água.
Em colaboração com a Universidade de Princeton, a UNESCO dirige um sistema experimental de vigilância e de previsão das secas destinada à África subsariana, com vista a reforçar as capacidades pela via de uma transferência de saber e de tecnologia. Tido em conta o impacto das secas em África, largamente dependente de uma agricultura pluvial, trata-se de uma importante etapa no sentido da água enquanto fonte de solidariedade.
Com a Convenção da Nações Unidas sobre a luta contra a desertificação, a UNESCO trabalha através de meios concretos para promover uma gestão duradoura nas zonas áridas. Isso deve começar no terreno, com habitantes dessas zonas, que a maior parte das vezes pertencem aos grupos mais desfavorecidos da sociedade. A água é o denominador comum de numerosos problemas – na saúde, na agricultura, na segurança alimentar e na energia. Pode também ser uma solução comum, mas isso requer um empenho de todos nós, em particular em favor daqueles que são mais atacados pela penúria da água. Esta é a promessa da UNESCO neste Dia Mundial de luta contra a desertificação e a seca.
IRINA BOKOVA
(Mensagem da Diretora-Geral da UNESCO, no Dia mundial de luta contra a desertificação e a seca)
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