segunda-feira, 22 de março de 2021

DIA MUNDIAL DA ÁGUA - 22 DE MARÇO


 
Mensagem de Audrey Azoulay, Diretora-Geral da UNESCO, por ocasião do Dia Mundial da Água

A questão da água, como todas as questões relativas ao nosso ambiente, confronta-nos com as nossas contradições e a nossa incapacidade de ter em conta a fragilidade e a escassez dos recursos que utilizamos na nossa vida quotidiana. Isto é particularmente verdade no caso da água, que é um facto social e humano total. Não só porque os humanos não podem viver sem água, mas também porque é essencial às nossas vidas como um todo. É, assim, uma questão com uma dimensão sanitária, como sublinhado pela COVID-19. Embora o acesso a água de boa qualidade seja essencial para a higiene, em dois de cada cinco centros de saúde é impossível lavar as mãos em plena pandemia. A dificuldade de acesso à água é também medida em tempo perdido e, portanto, em perdas educativas e económicas. Ir buscar água é um fardo desigual, que recai principalmente sobre as mulheres e as raparigas. As 200 milhões de horas que passam todos os dias nesta tarefa são oportunidades perdidas para elas e para a nossa sociedade - horas perdidas de aprendizagem, leitura, trabalho e informação. Assegurar o acesso universal a uma água de qualidade é, assim, de primordial importância, especialmente porque as reservas são limitadas e as necessidades estão a aumentar. Cerca de quatro mil milhões de pessoas no mundo já estão a sofrer de grave escassez de água, pelo menos um mês por ano. As alterações climáticas irão agravar o stress hídrico no mundo. Até 2030, se não forem tomadas medidas, faltará 40% da água de que a humanidade necessita. As consequências desta situação seriam incalculáveis, pois, como sabemos, quando a água se esgota, é a sociedade como um todo que se esgota. Das deslocações forçadas ao aumento da mortalidade infantil, e da desnutrição às tensões sobre o acesso aos recursos, a crise é sempre global. No entanto, continuamos a desperdiçá-la, despejando cerca de 80% das nossas águas residuais no ambiente sem qualquer tratamento.
Uma ampla sensibilização é, pois, essencial para ultrapassarmos esta crise. Por este motivo, todos os anos, publicamos, juntamente com todas as entidades que fazem parte da ONU-Água, o Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos. É uma oportunidade para a nossa Organização apresentar as formas mais sustentáveis, inovadoras e inclusivas de gerir este recurso cada vez mais precioso, cujo valor vai muito além do mero valor monetário. Citando um aforismo de Benjamin Franklin, não se deve esperar que o poço seque para descobrir o valor da água. Este Dia é, portanto, um apelo à ação. É da responsabilidade de todos nós, governos, associações e parceiros privados, tomar consciência do valor da água e agir para preservar este recurso vital, que dá ao nosso planeta a sua cor única.

Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial - 21 de março de 2021

 


Mensagem de Audrey Azoulay, Diretora-Geral da UNESCO,

por ocasião do Dia Internacional

para a Eliminação da Discriminação Racial


A COVID-19 tem tido consequências devastadoras para as populações de todo o mundo, mudando a forma como vivemos, trabalhamos e socializamos. Contudo, embora todos sejamos vulneráveis a esta doença, alguns são mais vulneráveis do que outros. Entre as minorias raciais e étnicas, por exemplo, a pandemia está a ter um custo desproporcionalmente elevado.

Para resolver esta situação, em dezembro de 2020, a UNESCO adotou o Apelo Mundial contra o Racismo. Salientando que "a pandemia de COVID-19 desencadeou, por sua vez, uma perigosa pandemia de desinformação, discurso de ódio e violência contra certas etnias ou nacionalidades", este apelo enfatiza a necessidade urgente de combater o racismo e a discriminação que continuam a atormentar as nossas sociedades.

No momento atual, em que as vacinas oferecem uma nova esperança para o futuro, devemos não só permanecer firmes nos nossos discursos e convicções, mas também transformar as nossas palavras em atos.

Por este motivo, neste Dia Internacional, a UNESCO exorta a humanidade a defender a justiça social e a igualdade, e a atender ao apelo contra o racismo e a discriminação, tendo em vista a construção de uma sociedade mais inclusiva e tolerante - uma sociedade livre de todas as formas de violência.

No entanto, não podemos fazer isto sozinhos. Este esforço mundial depende do empenho dos governos, da sociedade civil, das comunidades académicas e científicas, do setor empresarial, das partes interessadas e das organizações internacionais.

A UNESCO está a fazer a sua parte. Com base na sua longa experiência neste domínio, está a desenvolver um roteiro antirracismo para documentar políticas e práticas eficazes que contrariem este flagelo.

Isto significa encontrar pontos de comparação, e aprender com eles. Significa assegurar que as leis e instituições estão livres de preconceitos, e significa tomar medidas positivas. Pois podemos mudar as mentalidades e aprofundar a compreensão deste problema, através da Educação para a Cidadania Global e do diálogo intercultural. Podemos eliminar preconceitos on-line, por exemplo, através do desenvolvimento de uma recomendação sobre a ética da inteligência artificial. Podemos fomentar a compreensão mútua, a reconciliação e a cooperação, apoiando a investigação e a educação sobre o tráfico de escravos e a escravatura.

Para galvanizar estes esforços, a 22 de março de 2021, acolheremos um Fórum Mundial contra o Racismo e a Discriminação que reunirá os nossos parceiros e proporcionará um espaço de partilha de pontos de vista e de soluções para este problema.

A diferença é fonte de riqueza e de força. A diversidade dos seres humanos e das civilizações humanas é o que torna o mundo mais belo. Nas palavras do Maliano Amadou Hampâté Bâ, "Como seria aborrecido e monótono um mundo uniforme, um mundo onde todos, cortados do mesmo pano, pensassem e vivessem da mesma maneira! Sem nada a aprender com os outros, como poderíamos enriquecer-nos a nós próprios?

segunda-feira, 8 de março de 2021

DIA INTERNACIONAL DA MULHER - 8 DE MARÇO

 



Mensagem de Audrey Azoulay,

Diretora-Geral da UNESCO,

por ocasião do Dia Internacional da Mulher


Este dia 8 de março de 2021 deve ser, mais do que nunca, um dia de unidade e mobilização, pois a pandemia exacerba todas as clivagens do nosso mundo - em particular as desigualdades de género.

As desigualdades na educação foram as primeiras a agravar-se, com 767 milhões de mulheres e raparigas que se viram privadas das suas aulas no auge da pandemia. Atualmente, para além dos 132 milhões de raparigas que já não estavam escolarizadas antes da crise, 11 milhões podem nunca mais regressar à escola.

As vulnerabilidades socioeconómicas também estão a aumentar drasticamente. De acordo com um estudo recente da OIT, a perda de empregos a nível mundial afetou 5 % das mulheres, em comparação com 3,9 % dos homens.

A perda da independência financeira também aumentou a exposição das mulheres à violência e à discriminação. Por exemplo, de acordo com dados da ONU, cada trimestre de confinamento provoca mais 15 milhões de casos de violência baseada no género e, na próxima década, haverá dois milhões de mutilações genitais femininas que poderiam ter sido evitadas 1.

As mulheres jornalistas e artistas também não foram poupadas na sua prática profissional, conforme demonstrado por um inquérito realizado pela UNESCO, o Centro Internacional de Jornalistas e Freemuse.

Por este motivo, neste dia 8 de março, devemos todos mobilizar-nos, tanto mulheres como homens, para levar avante a tocha da igualdade.

A UNESCO, que fez da igualdade de género uma prioridade global, envidou esforços para garantir que tal fosse conseguido ao longo da crise.

Para apoiar o regresso das raparigas à escola, lançámos, por exemplo, juntamente com a Coligação Mundial para a Educação, a campanha "Girls back to school", e publicámos um Guia de Boas Práticas, que foi divulgado em mais de 50 países da União Africana.

Também demos voz às mulheres, artistas, cientistas, jornalistas, cidadãs, por exemplo, na edição especial do Correio da UNESCO "A Whole New World, Reimagined by Women".

De facto, as mulheres devem ser agentes de mudança.

Todavia, muito poucas têm essa oportunidade. Como mostra o Relatório da UNESCO sobre a Ciência, as mulheres representam apenas 33% dos investigadores em todo o mundo. No entanto, dão um contributo decisivo para a ciência, como Katalin Karikó, que tornou possível os recentes avanços no âmbito do RNA mensageiro.

Esta sub-representação pode ser observada tanto em laboratórios como em círculos de poder: apenas 20 mulheres são Chefes de Estado ou de Governo de acordo com a UN-Mulheres.

Face a estas injustiças persistentes, face a esta "vergonha do século XXI", é chegado o momento de nos unirmos, como afirmou António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas.

A UNESCO trabalha nas áreas abrangidas pelo seu mandato para apoiar o direito das mulheres à educação, para promover a ascensão de artistas, jornalistas ou investigadoras, mas também para incentivar o envolvimento dos homens nesta causa.

Pois, para derrubar preconceitos e estereótipos, é sobretudo no espírito das pessoas que devem ser erguidos os baluartes da igualdade.


quinta-feira, 4 de março de 2021

DIA MUNDIAL DA ENGENHARIA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

 




Lançamento do Segundo Relatório de Engenharia da UNESCO

Engenharia para o Desenvolvimento Sustentável: Alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Relatório da UNESCO salienta que o reforço das capacidades de engenharia é fundamental para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável

Apesar de uma elevada procura em matéria de engenharia, é necessário um esforço global para colmatar certas disparidades regionais específicas, nomeadamente em África, recomenda o segundo Relatório de Engenharia da UNESCO. Intitulado Engenharia para o Desenvolvimento Sustentável: Alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, é lançado hoje por ocasião do Dia Mundial da Engenharia para o Desenvolvimento Sustentável, celebrado a 4 de março.

O estudo salienta a inadequação da atual capacidade de engenharia para alcançarmos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) acordados internacionalmente e chama a atenção para a falta de diversidade neste domínio. Explica como a igualdade de oportunidades é essencial para assegurar a inclusão e a igualdade de género na profissão e para permitir que esta atinja o seu potencial.

"A engenharia é uma das chaves para o desenvolvimento sustentável das nossas sociedades; para explorar todo o seu potencial, o mundo precisa de mais engenheiros e de maior igualdade". Audrey Azoulay, Diretora-Geral da UNESCO

O Relatório salienta ainda que " a situação sem precedentes vivida com a pandemia da COVID-19 revelou como as nossas sociedades estão interligadas e mostrou como as inovações científicas podem permitir uma maior resiliência através da aplicação prática da engenharia".

O Relatório fornece uma visão geral das inovações no campo da engenharia e das ações desenvolvidas com vista à realização dos ODS, para as quais contribuíram atores oriundos de todas as regiões do mundo. Realça o papel essencial da engenharia na realização de cada um dos 17 ODS e explica porque é que a mobilização da profissão é fundamental.

O documento também demonstra até que ponto as inovações no setor da engenharia e das novas tecnologias estão a melhorar o nosso mundo - em particular aquelas que se baseiam em tecnologias e em dados da informação e comunicação. Mais importante ainda, demonstra o papel vital da engenharia na resolução dos principais desafios atuais, tais como as alterações climáticas, a urbanização e a preservação da saúde dos nossos oceanos e das nossas florestas.

"A própria engenharia precisa de evoluir e tornar-se mais inovadora, mais inclusiva, mais cooperativa e mais responsável", dizem os autores. Há, portanto, uma necessidade urgente de um novo paradigma neste campo, que permita ultrapassar as divisões tradicionais entre disciplinas, que apresente uma abordagem simultaneamente interdisciplinar e multidisciplinar, e através do qual a engenharia possa abordar questões complexas, tais como as alterações climáticas. Além disso, os engenheiros precisam de compreender e assumir a sua responsabilidade social, contribuindo para a evolução rumo a um mundo mais sustentável, resiliente e equitativo para todos.

O relatório foi realizado em colaboração com a Academia Chinesa de Engenharia, o Centro Internacional de Formação em Engenharia (ICEE), com sede na Universidade de Tsinghuan, a Federação Mundial das Organizações de Engenheiros (WFEO), e várias outras organizações internacionais de engenharia. Mais informações e download do Relatório (https://en.unesco.org/reports/engineering).